Um projeto que visa chamar atenção para a sustentabilidade ambiental começa a ganhar forma em Porto Alegre. Estudantes de unidades da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) estão produzindo pinturas, fotografias e poemas que vão embelezar máquinas de compartilhamento de água - que serão instaladas na Capital - com mensagens sobre a importância da preservação do meio ambiente. Até o final do ano, pelo menos dez cabines de hidratação devem ser disponibilizadas em parques e praças com o material produzido pelos alunos.
A empresa Purificatta, que vai ceder as máquinas para a cidade, e a entidade firmaram acordo na unidade Nazaré, no Glória, para a produção das obras. Cada uma vai ter 2m x 1m06. Entusiasmado com a ideia de produzir uma obra para o projeto, o aluno Michael Chaves de Araújo, 32, quer chamar atenção para a importância de preservar o meio ambiente. “Vou fazer um desenho com uma temática sobre o desmatamento da Amazônia”, garante. Araújo revela que através da pintura aprendeu a ver o “jeito da natureza”. “É um projeto que me alegra, faz eu ajudar a natureza, limpar o meio ambiente e ajudar o ambiente a ficar limpo”, afirma.
Especialista educacional da Apae Porto Alegre, Joseane Cancino, explica que 20 alunos das unidades Nazaré e Doutor João Alfredo de Azevedo vão participar do projeto, cuja orientação é do professor de artes Alexandre Martinelli. Com foco na sustentabilidade ambiental, o tema central é “Atitudes que melhoram o planeta“. “Dentro dessa proposta, o professor conversou com as equipes, seja na educação ou na assistência, que estão participando, e eles vão realizar trabalhos de pintura, fotografia ou poemas”, explica.
Conforme Joseane, o tema da sustentabilidade é um dos norteadores do trabalho, com mensagens que tratam da necessidade de preservar o meio ambiente. “Quando a gente tem uma proposta de trabalho como essa é muito significativo, porque existe um envolvimento maior dos colaboradores, das equipes e, principalmente, dos estudantes que acham um barato”, avalia. É promover a inclusão in loco, porque você está colocando o que de melhor o ser humano tem, aquilo que o aluno ou o estudante está produzindo aqui dentro do espaço”, completa.
Joseane reforça que a valorização do trabalho representa uma conquista para os estudantes. “Ele olha para um familiar ou para o responsável, e mostra que foi ele quem fez. Neste momento, com essa ideia de poder divulgar pra sociedade, vai ser melhor ainda, porque o impacto vai ser maior, ali vai estar o nome dele, aquela foi a ideia dele. O professor trouxe o tema, mas quem fez a condução daquele trabalho, quem fez toda a ideia foi o aluno. Isso que é legal, é esse impacto que vai causar de forma dupla”, observa.
Diretor comercial da Purificatta, Rafael de Souza afirma que o projeto social foi criado com dois objetivos: dar água pra quem precisa e recuperar um pouco de plástico que é atirado na natureza. Souza destaca que uma cabine de hidratação já foi colocada na Orla do Guaíba, onde os usuários têm acesso a água de graça e de forma ilimitada. “Desde que a máquina foi instalada, ela começou a contabilizar a quantidade de garrafas que deixaram de ser descartadas no meio ambiente a partir do uso da máquina. E a gente conseguiu atingir a meta de 12 mil embalagens que deixaram de ser descartadas por mês por causa do uso de uma máquina”, afirma.
Conforme Souza, o objetivo é expandir o projeto e levá-lo a outras cidades. Além da sustentabilidade, a ideia é garantir inclusão social. “Vamos expor a arte deles naquela casinha que fica em volta da máquina pra que a gente consiga unir a sustentabilidade, o projeto social e a inclusão social na mesma pegada, iniciativa público-privada, levando água de qualidade pra todo mundo de uma maneira sustentável, de preferência, preservando a natureza”, destaca. Outras cabines de hidratação devem ser instaladas na Praça da Encol, no Bela Vista, e no Parcão, no Moinhos de Vento.
O presidente da Apae, Renato Luiz Ferreira, explica que a iniciativa “caiu como uma luva” para divulgar o trabalho dos alunos da instituição. Conforme Ferreira, a entidade precisou se desdobrar durante a pandemia para dar continuidade à assistência aos alunos, que passaram a fazer trabalhos em casa. “Temos vários artistas dentro da instituição e algumas obras já estão prontas pra colocar em painéis. É gratificante ver a instituição sendo divulgada, a inclusão dos nossos alunos, que é isso que eles precisam, sair do anonimato e colocar eles pra população”, destaca.
Foto: Matheus Piccini